quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A LEBRE


"Se hoje abro aqui uma excepção para me referir a uma das tiradas de Paulo Portas – a proposta de cortar nos vencimentos dos políticos – é porque creio que vale a pena ler para lá do que ficou dito pelo próprio.


PP lançou o repto ao primeiro-ministro, no debate quinzenal na Assembleia da República, para que o Governo «toque nos salários dos ministros, do Presidente da República, dos Deputados», enfim dos políticos. Num assomo de sinceridade afirmou ainda que sabia que isso não representaria grande coisa, mas que a força do exemplo teria o peso de um sinal moralizador. E, não satisfeito, questionou ainda, «porque não prescindirmos, todos, do 13.º mês?»

O registo populista da proposta (que não constaria das exigências de Portas para aprovar o Orçamento) não passou despercebido, mesmo a quem se ocupa a amplificar exponencialmente todos os passos que o cavalheiro tem dado.

E não há dúvida que maior demagogia não se encontrará, particularmente porque vinda de quem, com o seu voto, que vai garantir a aprovação do Orçamento de Estado que prevê, para o grande capital, benefícios na ordem dos milhares de milhões de euros.

Mas creio que o alcance da declaração de PP vai para além do que o simples cavalgar no descrédito dos políticos, que tem a sua origem exactamente nas consequências da políticas de direita de que ele é co-responsável. PP funcionou aqui como as lebres que se lançam à frente para que os galgos corram atrás delas nas competições.

Quando assistimos à decisão do Governo, que Portas vai sancionar, de congelar os salários dos trabalhadores da Administração Pública, e aos cada vez mais claros apetites patronais de pôr em causa o direito ao 13.º mês, consubstanciados na prática ilegal do seu pagamento em duodécimos ou mesmo no seu não pagamento, com a justificação da crise e das dificuldades, a declaração do demagogo-mor da nação não pode deixar de ser vista como parte de um caminho que o capital precisa que se faça. Para que fique dito e possa mesmo ser invocado como exemplo. Para alimentar a ideia da inevitabilidade. Para que alguns pensem se até eles já falam nisso, porque é que não nos há-de tocar a nós. Para que fique no ar a vaga ideia de que agora toca a todos.

Eles sabem que nesse caminho encontram a firme oposição dos trabalhadores, das suas organizações de classe e do PCP e é por isso que tiram da cartola todas as lebres que têm. Ainda que pouco valham. "
 
João Frazão

5 comentários:

Anónimo disse...

Já toda a gente sabe há muitos anos que Paulo Portas é um mentiroso e demagogo,mas não é por isso que o povo deixa de lhe dar os votos e mais deputados,como aconteceu nas última eleições legislativas.

Quem é sério neste país não tem a mesma sorte,a sociedade portuguesa está toda corrompida e não querem mudar de rumo porque não lhes convêm,é preciso perceber de uma vez para sempre que isto funciona assim e não há ninguém que possa mudar isto.

Não é só o capital,os "boys" e a clientela política partidária,há um grande envolvimento de muita gente na corrupção e na "partidarite" em tudo que é estado,quando o PCP entender isto acaba por concluir que o povo não quer mudanças,nem quando estão com a "forca na garganta",foi assim,é assim e será sempre assim,não vejo grandes hipóteses de mudanças políticas a médio/longo prazo.

O comentário está muito bem elaborado,diz as verdades sobre Paulo Portas,mas isto ao povo pouco interessa,é assim que isto funciona e quando vão votar esquecem todos os prejuízos que tiveram durante as governações.

Por isso o país está assim e o grande culpado é a grande maioria do povo,desde os trabalhadores,aos reformados,aos desempregados e aos jovens,é a minha perspectiva política e já cansa sempre a mesma coisa.

Anónimo disse...

PROCESSO "FACE OCULTA"

O "boy" de Sócrates na PT,Rui Pedro Soares,autor da providência cautelar contra a publicação das escutas pelo jornal "SOL",e que se demitiu da PT como administrador executivo da holding do grupo PT,mas continua lá com outras funções até decisão do processo,ganha um salário anual de 2,5 milhões de euros,com apenas 32 anos,isto é aberrante e prova a prosmuicuidade que existe a todos os níveis nas ex-empresas do estado como a PT.

Querem liberdade e um estado de direito democrático,isso é que era bom,por essa razão este país não tem por onde se lhe pegue,está tudo dominado por os partidos do arco-do-poder e o resto é conversa.

O PCP bem tem lutado por uma sociedade mais livre,mais democrática e independente do poder económico e financeiro para assim a riqueza do país poder ser melhor repartida,mas no actual quadro político é impossível porque já todos perderam o medo e "roubam à má fila" e nada lhes acontece porque têm sempre as "bengalas" de defesa na mão...

Anónimo disse...

FRAZES ACTUAIS E QUE
ARRASAM SÓCRATES!!!

«O retrato de Sócrates que assim é traçado é o de um homem desavindo e vingativo,que desencadeia processos ilegítimos para obter fins inconfessáveis.É a de um homem sem escrúpulo nem remorso.E a de um homem perigoso rodeado de servos medíocres.»
(Clara Ferreira Alves,
Revista Única,13.02.10)

«A queda de Sócrates(...) será a queda de um homem que não se esqueceu de nada e não aprendeu nada e fez da missão da sua vida vingar-se dos seus pequeníssimos inimigos.»
(Idem,ibidem)

«Perguntareis:se já não manda,por que motivo estranho ainda chamamos primeiro-ministro ao senhor José Sócrates? (...) Mas já não chamamos com convicção,essa ficou abalada...chamaremos,vá lá,com a mesma convicção com que as pessoas lhe chamam engenheiro - pouca!»
(Comendador Marques de Correia,
Ibidem)

«Não há dúvida de que,no estado em que está(e de que não tem maneira de sair),Sócrates já não pode ser primeiro-ministro.(...)Perdeu a confiança do cidadão comum e,naturalmente,arrastou o Governo com ele.É uma presença perigosa.Pior ainda:é uma presença nociva.»
(Vasco Pulido Valente,
Público,14.02.10)

«O Governo de José Sócrates está a ser mais penalizado pela recusa em esclarecer o que se passou[com o negócio PT/TVI]do que pelas informações que têm vindo a ser divulgadas.»
(Editorial,
Público,13.02.10)

«As magistraturas que travaram o inquérito [das "escutas" a Sócrates]sem se dar ao trabalho de explicar porquê transformaram este caso num problema de regime,do qual não sabemos como poderemos sair.É esse o preço da opacidade.»
(idem.Ibidem)

«A nossa democracia está perigosamente doente e cada vez menos cidadãos acreditam na palavra quem tutela as instituições ou de quem os informa.»
(Vicente Jorge Silva,
ex-deputado do PS,em
Sol,12,02,10)

«O que houve de novo foi Portugal ter como primeiro-ministro alguém que esteve várias vezes sob investigação judicial(...),cujo processo de licenciatura levantou dúvidas e que se distinguiu como projectista de maisons no concelho da Guarda.»
(José Manuel Fernandes,
Público,12.02.10)

«Se o governo não governa nem mostra que governa,está a dizer que deixou de ter condições para governar.»
(Editorial,Público,15.02.10)

Anónimo disse...

A QUEDA

O segundo Governo de Sócrates já caiu - só que a ninguém dá jeito admiti-lo para já,desde o PS de Sócrates,a esboroar-se por dentro,ao PSD que,aos pulos,anda para aí afogueado na escolha de um líder instantâneo que aproveite a maré e o reinstale no poder.

Em primeiro lugar,pela feroz ofensiva contra conquistas e direitos obtidos com Abril,amputando-os e restringindo-os como nenhum anterior Governo o ousara fazer em áreas tão fundamentais como o Trabalho,a Saúde,o Ensino ou a Segurança Social.Por isso perdeu fragorosamente a maioria absoluta que lhe coubera em lotaria.

Em segundo lugar,por si próprio.A trajectória conhecida de Sócrates mostra um homem enlevado consigo mesmo(a obsessão pela «elegância» é um sintoma eloquente),regularmente envolvido em trnquibérnias na sua ascensão pessoal e política(«casos» da licenciatura,dos «projectos» na Câmara da Guarda ou do Freeport)e consumando um perfil de primeiro-ministro autoritário e sem escrúpulos,que chegou ao cúmulo de colocar na direcção da PT,uma das maiores empresas do País,um jovem apaniguado sem currículo nem experiência,a gerir dezenas de milhões de euros aos 32 anos pela fantástica remuneração de dois milhões e meio de euros/ano.
O ser agora descoberto no centro de uma alegada conspiração para controlar vários órgãos de Comunicação Social é uma inferência que mais parece uma decorrência.

Anote-se,finalmente,este cansativo descaramento do PS e PSD em regressarem à ribalta como «alternativa» ao governo cessante que,entretanto,se limitou a prosseguir e aprofundar a políica de direita do anterior.
Agora é o PSD a exibir a clássica virgindade recauchutada com que ambos costumam eximir-se de responsabilidades passadas e garantir melhorias futuras,na governação do País.
Seguir-se-á o PS com o mesmo estratagema,acrescentado com umas frases de esquerda para,de novo,melhor servir a direita.

Julgam-se donos do regime e são-no,porque dele se apropriaram.O fascismo fez o mesmo,mas acabou corrido - com o próprio regime que engendrara.

Comissão Concelhia da Póvoa do
Partido Comunista Português
(22.02.10)

Grupo Parlamentar do PCP disse...

CASTIGAR O POVO

Castigar o povo é a grande marca deste orçamento,em cujo conteúdo se revêem os partidos que não querem mexidas nas orientações a que obedece a política de direita.Isto não obatante as habituais encenações de distanciamentos,as críticas de pólvora seca e as falsas divergências protagonizadas por PSD e CDS/PP,ora invocando um abstracto «sentido de responsabilidade» tudo para iludir e camuflar a sua identificação plena e o seu apoio efectivo ao OE nas questões fundamentais.

UM orçamento que chegou a ser anunciado pelo PS como de relançamento económico e de combate à crise mas que - num curto espaço de tempo - o estritamente necessário para formalizar o entendimento com a direita -,sofreu uma profunda metamorfose,com o relançamento económico s virar prioridade no combate ao défice e o «combate à crise» a servir de novo pretexto para impor injustas medidas de austeridade e sacrifícios aos mesmos de sempre - aos trabalhadores,às pequenas e médias empresas,como sublinhou Jerónimo de Sousa.

Tal como é o orçamento através do qual o Governo PS,correspondendo às exigências do PSD e CDS/PP e satisfazendo os apetites vorazes dos grandes interesses económicos,vai procurar imprimir um novo fôlego às privatizações,alienando o melhor dos nossos recursos e património.

Mas este é,ainda,o orçamento onde caiu pela base o «discurso dos sacrifícios para todos»,como referiu o presidente da formação comunista,dando como exemplo os resultados obtidos pela bança em 2009 - ano em que o Estado mobilizou «milhões de apoios directos e garantias» aos banqueiros -,cifra astronómica que no caso dos quatro maiores bancos privados se situa nos quatro milhões de euros por dia,mais de 1445 milhões de euros durante o ano,o que corresponde a mais 174 milhões de euros relativamente a 2008,quase mais 14 por cento.

Aqui está uma das condicionantes da promiscuidade entre o poder político de Sócrates/PS e os grandes grupos financeiros,em prejuízo das pequenas e médias empresas e do povo português.

Intervenção do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República.