quarta-feira, 19 de março de 2008

NÃO PERCEBEM OU FAZEM DE CONTA...


Esta semana comemorando a passagem de três anos de tomada de posse, o governo PS veio apresentar o balanço da sua actividade, retomando o quadro idílico já apresentado por José Sócrates com novos exercícios de pura hipocrisia. Mais uma vez querem que os portugueses tomem a sua propaganda por realidade. Querem transformar anos de violenta ofensiva contra os direitos e as condições de vida dos trabalhadores e do povo, em anos de sucesso da sua governação, manipulando e deturpando a realidade do país e as reais consequências da sua política na vida dos portugueses. Comemoram e festejam três anos de governo, enquanto o país protesta e mostra a sua indignação e descontento em relação às suas principais políticas. Não perceberam ou fazem de conta que não percebem que a vida não está para festejos e muito menos para dar vivas a um governo que piorou a vida dos portugueses.Não perceberam ou fazem que não percebem que os três anos de governo do PS foram anos de aumento do custo de vida. Anos de aumento desmesurado dos preços dos bens e serviços essenciais e de ataque aos rendimentos do trabalho com a redução e o congelamento dos salários reais. Que Portugal continua a ser dos países da Europa com maior desigualdade na distribuição do rendimento e um dos países mais desiguais da Europa e onde é cada vez mais difícil viver quando apenas se tem um salário, uma pequena reforma ou um pequeno rendimento, agravado agora com o aumento dos juros e dos custos da habitação. Não perceberam ou fazem que não percebem que não só nada fizeram para romper com as reformas de miséria, como com a sua contra-reforma da segurança social as vão eternizar e reduzir ainda mais, enquanto libertaram o capital de qualquer compromisso.Não percebem ou fazem que não percebem que, com a sua política de restrição orçamental a ferro e fogo, a sua política de abandono do aparelho produtivo nacional, da sua política económica que abdicou das tarefas da promoção do desenvolvimento e do crescimento económico, sacrificados à diminuição do défice das contas públicas, não só agravaram o desemprego, como acentuaram o atraso do país. Falam na criação de milhares de postos de trabalho, mas não há manipulação estatística que possa tornear esta evidência - com este governo do PS o desemprego atingiu um novo recorde tornando a vida um inferno para muitos milhares de trabalhadores. Não perceberam ou fazem que não percebem que o “grande feito” que proclamam de diminuição das contas públicas foi concretizado à custa exclusivamente de uma maior exploração do trabalho, de mais injustiça social e do fomento de mais desigualdades. Foi à custa do exclusivo esforço dos salários dos trabalhadores, dos impostos maioritariamente pagos por quem trabalha, do IVA que pagam sempre e em última instância os mesmos do costume, do corte nos serviços públicos e do investimento que devia contribuir para relançar a economia e fazer sair o país do marasmo.Não perceberam que a sua desastrosa política está a conduzir a mais dívida pública, mais défice comercial, maior endividamento externo, maior endividamento das empresas e das famílias.Não perceberam ou fazem que não percebem que com a sua política de saúde de encerramento de serviços, de aumento das taxas moderadoras e dos custos dos medicamentos, de degradação do Serviço Nacional de Saúde, só há razões para protestar, como o têm feito milhares e milhares de portugueses por todo o país. Não perceberam ou fazem que não percebem que com a sua política de educação contra a Escola Pública de qualidade e inclusiva, contra a profissão docente e os direitos dos professores e contra os princípios da autonomia e da gestão democrática não é para comemorar, mas para recusar, como o fizeram os professores nessa impressionante Marcha da Indignação que daqui saudamos. Não perceberam que a situação que enfrentam os trabalhadores da administração pública, que esta semana estiveram justamente em luta e que daqui saudamos igualmente não têm razões para comemorar e festejar três anos de um governo que desencadeou a mais brutal ofensiva que há memória contra os seus direitos, os seus salários, as carreiras e o emprego.

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